terça-feira, 30 de novembro de 2010

Depois do Canal da Mancha, Marcelo Collet já enfrenta novos desafios

 Artur Queiroz

Quase dois meses depois de ter atravessado o Canal da Mancha (da Inglaterra à França) o nadador paraolímpico Marcelo Collet já se prepara para disputar o Estreito de Gibraltar (da Espanha a Marrocos) e para os Jogos Parapan - Americanos de 2011 em Guadalajara, no México.

Em outubro, Collet participou, no Rio de Janeiro, do Meeting Internacional Loterias Caixa de Atletismo, mas agora, a prioridade do atleta é enfrentar o Estreito de Gibraltar, que fica entre Punta de Oliveros (Espanha) e Punta Cires (Marrocos), num percurso de 14 km.

“Gibraltar ano que vem é uma travessia que eu vou fazer ida e volta. Ainda estou num período de planejamento, pensando na equipe que vai estar comigo lá e correndo atrás de apoio, pra poder viabilizar. Espero realizar em agosto”, afirmou Marcelo Collet sobre o novo desafio.

Em 2011, além do Estreito de Gibraltar, nos planos do atleta estão também os Jogos Parapan - Americanos em Guadalajara, no México, que acontece no período de 19 a 27 de novembro. As provas serão classificatórias para as Paraolimpíadas de Londres, em 2012.

O atleta de 30 anos de idade, casado, pai de uma menina e prestes a terminar uma graduação no curso de cinema e TV, já tem grandes marcos na história do esporte brasileiro e mundial. Recentemente tendo completado o Canal da Mancha, travessia de 34 km, em 10h 6m e 4s, no dia 17 de setembro, ele se tornou o primeiro atleta paraolímpico do mundo a completar a travessia.

Sobre o feito histórico, Collet pontuou: “O Canal da Mancha foi um desafio pessoal que eu me propus a fazer. O atleta sempre busca descobrir seu limite, e eu sabia que lá eu iria me botar em cheque. Fiz uma preparação muito boa pra poder suportar, e ter conquistado foi fantástico! Foi uma sensação de dever comprido”.

Marcelo Collet é paulista, porém radicado na Bahia. Começou a praticar esporte aos 14 anos e aos 17, quando era triatleta e fazia um treino pelas ruas de Salvador, foi atropelado na Avenida Professor Magalhães Neto. Com uma lesão na perna esquerda, ocasionada pelo acidente, Marcelo passou a dedicar-se à natação.

Collet também explicou seu retorno ao esporte: “De 1998 a 2001 eu voltei a competir, mas não como antigamente. Em 2001 me convidaram para uma competição paradespotiva em que eu participei sem muita pretensão. Fui convocado para a seleção brasileira paraolímpica, onde estou até hoje. Já participei de duas paraolimpíadas, quatro mundiais, dois para-pan”.

Segundo João Franco, professor do curso de educação física do Centro Universitário Jorge Amado (UNIJORGE), especializado em atividades para portadores de necessidades físicas especiais, para uma pessoa que passou por uma situação que trouxe como conseqüência uma deficiência física, a prática de exercícios é tão importante quanto é para um não portador de deficiência. De acordo com João, os principais benefícios são a prevenção de doenças cardiovasculares e respiratórias, a ajuda na auto-estima e ainda a maior autonomia e independência adquirida.

Sobre o acidente, Marcelo Collet confessou: “Quanto ao acidente, eu já imaginava que isso poderia acontecer comigo porque o trânsito é muito violento. Mas sempre quis voltar a fazer esporte”.

Quando perguntado a respeito de uma futura aposentadoria, Collet foi enfático: “Parar no esporte eu não vou parar nunca. Vou até onde eu estiver com a seleção brasileira e puder estar representando bem o meu país” e finalizou “O atleta sempre está querendo saber até onde é o limite, talvez o dia em que eu descubra qual o meu limite eu pare de fazer esporte”.