terça-feira, 12 de outubro de 2010

Congresso nacional sobre alimentos acontecerá em Salvador

Artur Queiroz

De 7 a 10 de novembro, Salvador sediará, no Centro de Convenções da Bahia, o XXII Congresso Brasileiro de Ciência e Tecnologia de Alimentos. O evento, um dos maiores da America Latina, segundo a Sociedade Brasileira de Ciência e Tecnologia de Alimentos (SBCTA), acontece em anos pares e reúne profissionais envolvidos nas áreas de alimentação, como: ciência, agricultura, tecnologia, nutrição e saúde.

A sbCTA – Bahia será a responsável por sediar o evento, que terá como tema: Ciência e Tecnologia de Alimentos: Potencialidades, desafios e inovações.

“O XXII Congresso Brasileiro de Ciência e Tecnologia de Alimentos busca promover uma maior integração da região Nordeste no cenário da  Ciência e Tecnologia de Alimentos, além de fortalecer articulações que façam  ressoar este objetivo em localidades e regiões com potencialidades,  mas ainda insuficientes de políticas e programas direcionadas ao  crescimento desta área, que hoje se constitui como estratégica para o  desenvolvimento do país,” disse a  presidente do congresso e secretária executiva Eliete da Silva Bispo.

No programa científico do congresso serão apresentados painéis, mesas-redondas, cursos de atualização, palestras e conferências, além dos trabalhos científicos que serão exibidos em sessões simultâneas na forma de pôsteres. Haverá ainda espaços reservados para a exposição das organizações nacionais e internacionais, empresas e laboratórios.

As conferências e mesas-redondas acontecerão nos salões Iemanjá, Oxalá I e II e Xangô com a participação de aproximadamente 150 profissionais.

O evento contará com o apoio da Universidade Federal da Bahia (UFBA), Universidade do Estado da Bahia (UNEB), Universidade Estadual de Feira de Santana (UEFS), Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia (UESB), Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado da Bahia (Fapesb) e Governo do Estado.

Segundo a operadora da sbCTA, Helena Said, as inscrições estão abertas até o dia do congresso, com preços que variam de R$ 200,00 à R$ 670,00 para participação de profissionais e estudantes, e de R$ 70,00 à R$ 110,00 para os mini-cursos de 4h.

Programação

A programação do congresso contará com um coquetel de abertura no primeiro dia, 7 de novembro, no Bali Beach Club, localizado no bairro de Piatã, orla de Salvador, às 20h30.

No dia 8 de novembro, das 9h às 17h, acontecerão conferências com Monica Giusti, da Universidade de Ohio, nos Estados Unidos, Paulo Sobral, da Universidade de São Paulo, Maria Beatriz Oliveira, da Universidade do Porto, em Portugal, entre outros. No mesmo dia nomes como Fereidoon Shahidi (Memorial University of Newfoundland - Canadá) e Thomas Prates Ong (USP) promoverão debates nas mesas-redondas.

O segundo dia, 9 de novembro, das 9h00 às 17h15, Marlis Vera Hoff  (Duas Rodas Industrial), Adriane Antunes de Moraes (UNICAMP) e outros profissionais orientarão as conferências enquanto Gláucia Aragão (UFSC), Vijay K. Juneja (United States Department of Agriculture - EUA) entre outros, promoverão os debates.

O encerramento do congresso, no dia 10 de novembro, das 9h00 às 17h15, contará com diversos nomes, entre eles José Alfredo Arêas (USP) e Rafael Soto (Novozymes), além das mesas-redondas com Carlos Ricardo Soccol (UFPR), Virgínia Matta (CTAA) e outros especialistas.

Maiores informações no site: www.cbcta.com.br

Mãe se revolta após filho sofrer racismo em Salvador

Jornalista Márcia Guena organiza protesto após incidente

 Márcia Guena ao lado de Zezé Olukemi no Shopping Itaigara. 
(Foto: Henrique Brinco)

Henrique Brinco

Uma manifestação no último sábado, 25 de setembro, trouxe à tona uma discussão sobre a existência do racismo no Brasil ainda nos dias de hoje. A jornalista Márcia Guena resolveu organizar um protesto em frente ao Shopping Itaigara, juntamente com representantes do Movimento Negro na Bahia, após seu filho ser discriminado em um salão de beleza. Munida de cartazes, ela chegou no local ao lado de seu marido, o rapper Aspri, e de seu pai.

Na tarde do último dia 23 de setembro, um cabeleireiro do salão Fascínio recusou-se a cortar o cabelo do menino, que possui apenas seis anos de idade. O profissional queria "passar a máquina" e raspar tudo, pois, segundo ele, o cabelo não poderia ser cortado e nem desembaraçado por ser crespo.

“Bom, eu entrei no salão e perguntei se cortavam o cabelo do meu filho e eles disseram que sim. Aí, eu entrei e lá indicaram um funcionário homem e ele [criança] sentou-se na cadeira. Eu disse ‘Olha, eu quero cortar o cabelo porque ele está muito alto e eu quero diminuir’. Ele disse ‘Ah, aí só dá máquina’.”, contou a jornalista Márcia Guena, mãe do menino.

Guena acha que a criança foi discriminada no estabelecimento. “Eu acho isso um absurdo, porque os cabelos dos negros hoje são penteados das mais diversas formas possíveis. Se você quiser alisa, faz black, faz trança ou simplesmente não faz nada. A opção de raspar não pode ser a única”, reclamou.

Após o ocorrido, a jornalista retirou a criança da cadeira e saiu imediatamente do salão para, segundo ela, “não a expor a uma discussão motivada por racismo explícito”. Em seguida, voltou com a finalidade de procurar a gerente e formalizar a denúncia de racismo.

Segundo Guena, ela procurou a direção do Shopping Itaigara para exigir providências, sendo recebida por Alda, que se identificou como administradora do local. Alda reconheceu a gravidade do problema, confirmando tratar-se sim de uma situação de discriminação e, imediatamente, contatou o estabelecimento para reclamar da forma como foi realizado o atendimento da criança.

Ainda insatisfeita, Márcia Guena decidiu formalizar denúncia de racismo na Delegacia Especial da Criança e do Adolescente e no Ministério Público.

MOVIMENTO INDIGNADO

Na opinião de Zezé Olukemi, representante do instituto Steve Biko em Salvador, ainda é cedo para protestar e um debate sobre o assunto seria mais aconselhável nesse momento. Ele sugeriu a divulgação em redes sociais na Internet, como Twitter e Orkut, para que o assunto não seja esquecido. “Isso é racismo elevado à enésima potência!”, argumentou.

Os manifestantes se reuniram do lado de fora do Shopping e resolveram não fazer o protesto. O encontro durou cerca de duas horas e ficou decidida a divulgação de um manifesto em defesa do movimento negro e da criança. “Não vou divulgar nada ainda, pois não temos datas confirmadas, mas nós vamos promover ações conjuntas, debates no Ministério Público e dar continuidade ao processo”, disse Guena.

Ao notarem a presença da reportagem de LEIA 7 para cobrir o evento, funcionários do Salão Fascínio ficaram inquietos e chamaram imediatamente a segurança, que tentou impedir o nosso trabalho e o protesto de Guena. Ninguém quis comentar o assunto.

Antes de deixar o local, Márcia desabafou e pediu uma reflexão social sobre o racismo na sociedade. “O sentimento de mãe tenho procurado deixar de lado, mas lamento profundamente que o racismo seja uma constante no Brasil e em Salvador, uma cidade tão negra e tão segregada. Se as pessoas se apercebessem como racistas, algumas situações seriam evitadas.”, encerrou.

LEIA 7 tentou entrar em contato com os profissionais do salão Fascínio e com a direção do Shopping Itaigara, sem sucesso. “Já vieram vários repórteres para cobrir esse assunto e tudo vai correr em segredo de Justiça a partir de agora”, disse uma das secretárias por telefone.